20080711

Diretrizes para a Escolha de um Professor, Terapia ou Aula de Yoga

O título do post é de um capítulo do Livro “ Uma Visão Profunda do Yoga, Teoria e Prática” de George Feuerstein, Editora Pensamento. O texto é farol para quem procura um professor de Yoga.

Eu pergunto, e incentivo aos alunos que perguntem, se querem praticar Hatha Yoga orientados por alguém:
· a formação da pessoa;
· quanto tempo a pessoa tem de prática, quando, quanto e como pratica, pois quem se candidata a ser professor deve manter uma prática diária;
· se a pessoa tem conhecimentos de anatomia, fisiologia e cinesiologia;
· se a pessoa estuda os Yoga Sutras;
· se a pessoa procura atualizar seus conhecimentos.

E que se questionem sempre qual é o grau de comprometimento e que tipo de resultados desejam ter com sua prática.


Segue o texto do George, com um link para uma tradução de um outro texto dele com tema correlacionado.


Posso aprender yoga sozinho ou devo procurar um bom professor?

Em primeiro lugar, temos de determinar qual é ou quais são nossos objetivos na prática do Yoga. Temos de saber como queremos encará-lo: como uma disci­plina espiritual, um estilo de vida saudável, um pro­grama rigoroso de condicionamento físico, um trei­namento ocasional de alongamento, um meio de eliminar a tensão ou um sistema de exercícios tera­pêuticos para a autocura.

E claro que, quanto maiores forem nossas expecta­tivas, tanto mais teremos de nos comprometer com a prática e tanto mais precisaremos de instrução e orientação. Se quisermos praticar Yoga para manter a boa forma, na maioria dos casos será suficiente prati­car várias sessões de posturas durante pelo menos trinta minutos por semana. Se tivermos a esperança de usar o Yoga como uma terapia, teremos de prever pelo menos uma sessão diária (de preferência, duas) de posturas e controle da respiração, com duração de trinta a sessenta minutos cada uma, além das mudan­ças dietéticas e outras que nos serão recomendadas por um yogaterapeuta. Se quisermos praticar o Yoga como um estilo de vida, teremos de prestar atenção a todos os seus ensinamentos sobre saúde física e men­tal. E se estivermos interessados no Yoga enquanto disciplina espiritual, teremos de estar preparados para nos dedicar a ele 24 horas por dia pelo resto da vida.

De preferência, os principiantes devem aprender o Yoga (de qualquer espécie) com um professor qualifi­cado, e não por meio de livros ou fitas de vídeo ou de áudio. No caso das posturas yogues, mesmo duas ou três sessões podem ser suficientes para que a pessoa adquira o ponto de vista correto desde o princípio. Às vezes, nós temos necessidades individuais que um bom professor vai identificar ou vai levar em conta quando nos ajudar a formular um programa pessoal. Depois de ter algumas aulas e ouvir os conselhos de um professor qualificado, podemos continuar praticando e explo­rando as posturas do Yoga, etc., sozinhos. Nesse caso, é bom procurar o professor de vez em quando para garantir que não estamos adquirindo maus hábitos na execução das posturas e das outras práticas.

No caso da meditação, é aconselhável praticar ao lado de um professor qualificado até sermos capazes de reproduzir o estado meditativo sem ajuda externa, usando o método particular desse professor. No começo, é bom praticar em grupo, pois o grupo cria uma espécie de "campo de força" que torna a medita­ção um pouco mais fácil para todos.

Antes de decidir que professor ou que aula procu­rar, temos de saber com clareza o que estamos queren­do: ter uma ideia básica de como o Yoga funciona a fim de podermos praticar sozinhos os seus exercícios; receber uma instrução especializada com regularida­de; melhorar nossa motivação, praticando na compa­nhia de outras pessoas; receber instruções acerca dos aspectos espirituais do Yoga; ou obter uma iniciação espiritual de um mestre qualificado.

Quem tem problemas de saúde ou não faz um exame médico há algum tempo deve obter a aprovação do médico antes de começar a praticar as posturas ou o controle de respiração por métodos yogues (ou, aliás, qualquer sis­tema de exercícios físicos). Isso não é necessário para a prática da meditação.


Como encontrar um professor ou um yogaterapeuta qualificados?

É difícil recomendar este ou aquele professor, pois as personalidades e os métodos de ensino variam imen­samente e nem sempre a mesma personalidade ou o mesmo método funcionam para todos. O mais impor­tante é que os praticantes compreendam que existe uma grande diferença entre um professor de Yoga e um guru. Este último exigirá muito mais dos seus alu­nos. No que diz respeito ao Hatha-Yoga, que parece ser o principal interesse da maioria das pessoas, ainda não existem padrões estaduais ou nacionais* que determinem o que e como se deve ensinar em aula. Por isso, encontramos toda espécie de tendências, formatos e critérios. Alguns "professores de Yoga" — especialmente os que ensinam nas academias de ginástica — não passam de instrutores de condicio­namento físico com alguns dias de treinamento em posturas de Hatha-Yoga. Caveat emptor!

A Yoga Alliance, sediada na cidade de West Read-ing, Pensilvânia, EUA, está procurando estabelecer alguns padrões gerais para os professores de Yoga nos Estados Unidos.

Atualmente, ela forma profissio­nais de Yoga com um currículo mínimo de duzentas horas, que inclui técnicas, metodologia de ensino, anatomia, fisiologia e um pouco de filosofia e histó­ria. Em janeiro de 2002, o Yoga Research and Educa-tion Center (YREC) complementou essa iniciativa e lançou um programa de treinamento de setecentas horas distribuídas ao longo de dois anos. O YREC também reconhece a necessidade de uma formação contínua e está agora mesmo elaborando cursos intensivos dirigidos aos profissionais por ele formados e a outros professores qualificados.

Para encontrar um professor ou uma turma de pra­ticantes, podemos questionar os artigos ou a bibliote­cária local, examinar os quadros de avisos dos restau­rantes e casas de produtos naturais ou consultar as listagens das revistas de Yoga; existem também mui­tos recursos na internet. Em seguida, temos de nos sentir à vontade para fazer perguntas constrangedoras (por exemplo: quais são as credenciais do professor?) e ventilar nossas possíveis preocupações. Se o nosso interesse se dirige sobretudo às posturas de Hatha-Yo­ga, temos de perguntar especificamente qual é o esti­lo de Hatha-Yoga que o professor segue. Alguns esti­los — especialmente o chamado Power Yoga, o Ashtanga-Yoga e o "Hot Yoga" — exigem uma exce­lente capacidade atlética e são muito puxados. O esti­lo lyengar é bastante rigoroso, ao passo que o estilo Viniyoga de posturas é um fluxo de asanas feito sob medida para cada pessoa.

Como acontece com os professores, também para a formação dos yogaterapeutas não existem padrões gerais aceitos. Muitos supostos yogaterapeutas não passam de professores de Yoga que usam posturas e o controle da respiração para fins terapêuticos. Os yogaterapeutas plenamente qualificados são raros. A International Association of Yoga Therapists (IAYT) está fazendo um esforço para melhorar essa situação. Foi fundada em 1989 por Richard Miller e Larry Payne, ambos Ph.Ds., e dez anos depois tornou-se uma divisão do YREC.


O que devo fazer se não tiver acesso a um professor ou uma turma de praticantes?

Tradicionalmente, o Yoga sempre foi uma disciplina iniciática na qual o guru supervisionava de perto o progresso do discípulo. Hoje em dia, porém, poucas pessoas se interessam ou são capazes de atender às exigências de um verdadeiro discipulado. Mesmo a prática do Hatha-Yoga, porém, quando levada a sério, exige um professor qualificado, pelo menos no começo.

Para os que vivem em regiões isoladas, existem livros, revistas, fitas de vídeo e de áudio e programas de televisão que podem oferecer informações impor­tantes sobre as posturas do Yoga. Porém, não pode­mos nos esquecer de que informação e orientação são duas coisas diferentes. Como as pessoas tendem a ser impacientes e querem desde logo praticar as posturas avançadas e mesmo as técnicas de controle da respi­ração, os acidentes podem acontecer e de fato acon­tecem. Por isso, recomendo enfaticamente que a pes­soa proceda devagar, passo a passo. Como as posturas yogues envolvem habilidades motoras, a maioria das pessoas que não podem ter um professor vai querer trabalhar com um vídeo. Existe um grande número de fitas de áudio e de vídeo no mercado.

* O autor se refere aos Estados Unidos, mas o mesmo se pode dizer, afortiori, do Brasil. (N.T.)

Obs. minha: O Método Iyengar possui um padrão mundial que orienta os professores certificados.

+ Ética no ensino de Yoga

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