20111211

Como a Mente Funciona?


A Mente funciona por meio de ondas elétricas sutis. Isso já foi comprovado em função de pesquisas científicas que dizem que a mente funciona em quatro estados:

1. A Mente Beta: esta é a mente em estado de vigília, e perfaz de dezoito a trinta ciclos por segundo. Quando você está acordado e realizando atividades, você se acha no estado beta.

2. A Mente Alpha: quando você está apenas relaxando, num estado de não atividade, não fazendo nada especificamente, apenas ouvindo música ou meditando, a atividade da mente se torna mais lenta e apresenta entre catorze e dezoito ciclos por segundo. Quando você está acordado, mas passivo, desperto, mas não muito alerta, num estado de profundo relaxamento, em que os pensamentos não estão em agitação, mas apenas fluem tranquilamente, você vive o estado alpha.

3. A Mente Theta: quando a atividade é ainda mais lenta, a mente funciona entre oito a catorze ciclos por segundo. É quando você está dormindo. Num estado de profunda meditação ou no Rebirthing, você se encontra nesse estado, isto é, passa do estado alpha para o theta. Mas isso acontece apenas em estados bastante profundos, quando você começa a "tocar" esse terceiro estado em que se sente bem-aventurado. O que os drogados ou bêbados tentam alcançar é esse estado de bem-aventurança, mas o estado theta nunca é alcançado por meio do álcool nem das drogas, porque há necessidade de total alerta, e vícios NUNCA nos deixam alertas ou conscientes — apenas passivos, mas não alertas; o estado theta só é alcançado parcialmente, pois a bem-aventurança não é desfrutada, e o momento é perdido. Assim, você busca o caminho errado tentando chegar a esse estado por meio de efeitos químicos. Bem-aventurança só se consegue quando se chega ao estado theta completamente alerta e consciente. Diminuindo a atividade da mente e permanecendo totalmente alerta, você poderá facilmente chegar a esse estado.

4. A Mente Delta: quando a atividade da mente é ainda mais profunda e lenta, essa mente apresenta de zero a quatro ciclos por segundo. E quando ela quase não funciona, e há momentos em que pode atingir o ponto zero, em absoluta tranquilidade; esse é o estado em que nem mesmo quando você vai dormir sua mente está parada, estado em que nem mesmo os sonhos funcionam. Este é o estado que os budistas, os hindus ou os yogues chamam de Samadhi. Patanjali, o criador do Yoga, define esse estado delta ou samadhi como um sono com consciência, alerta. A consciência precisa estar presente para ser um estado delta. No Ocidente, a princípio, acreditava-se que esse estado fosse impossível, porém houve um indiano iluminado que foi submetido a testes de EEG (eletroencefalograma) durante sua meditação, e registrou-se que a atividade da mente havia cessado, e traços de ondas foram observados enquanto ele dormia, tudo porque ele estava em profunda meditação, parecendo dormir, ainda que estivesse em total alerta, o que foi comprovado também por ele ter relatado tudo o que ouviu ao seu redor durante o processo. Em alguma parte do seu Ser ou Centro, o corpo permanece em sono ou dormindo, enquanto você permanece perfeitamente consciente — esse é o estado delta. Com a prática constante da meditação, você poderá atingir esse estado delta, e por meio da prática diária do Rebirthing, que é uma espécie de meditação profunda, e da auto-análise, você chegará ao estado delta em totalidade; por isso, dizemos que o Rebirthing é trazer Deus para dentro de si mesmo.

Somos multipsíquicos, isto é, temos muitas mentes em união — uma mente com muitas mentes —, muitas mentes de uma só mente. Temos um só coração e muitas mentes — observe como elas mudam constantemente. Num momento, a mente está cheia de crenças, em outro, está cheia de dúvidas e em outro ainda está cheia de crenças de novo. Às vezes está cheia de amor, outras de raiva. Comece a observar quantas mentes operam em você: uma hora, você pensa que não vai mais fumar, em outro momento, está comprando um pacote de cigarros.

Unmani & Nishkam, 'Rebirthing "o novo yoga" ',pag 44 e 45.

20111203

4 Temas de Bertazzo - IV

A Relação Entre Mecânico e Energético

Inúmeras escolas terapêuticas bastante difundidas consideram em seus métodos apenas a esfera do sutil, os campos energéticos etc., induzindo a uma desvinculação destes com os centros corporais concretos. Para mim, o sistema mecânico e as trajetórias elípticas do movimento são a base de nossas funções mais sutis, ou energéticas, a exemplo da "respiração primária" de que falam os osteopatas e da "energia" da medicina oriental.

O esquema das trajetórias elípticas pode ser visualizado como um processo no qual determinado centro se subordina a outro, porém mantendo uma identidade própria, e este centro a outro ainda. Se quisermos, podemos ampliar indefinidamente essa imagem de elipses associadas ou subordinadas umas às outras, e incluir mesmo elipses e centros localizados fora de nosso corpo, no sistema solar e nos pontos mais distantes do sistema celeste.

O corpo humano foi concebido para utilizar uma organização própria que permite um aproveitamento máximo de sua energia, isto é, despender o mínimo de energia para o máximo de rendimento.

Tome-se como paralelo dessa mecânica humana o exemplo de um objeto lançado ao espaço sideral. Inicialmente a nave, satélite ou o que for exige grande quantidade de energia para colocar-se em órbita. Mas a partir daí, consumirá o mínimo de combustível, apenas para fazer pequenas correções de trajeto. Neste estágio, essa nave aproveitará a energia das próprias órbitas dos corpos celestes para prosseguir seu curso.

Assim também é no corpo humano durante a realização de um gesto. Se o impulso ou energia respeita as trajetórias elípticas correspondentes aos diversos segmentos osteomusculares, essa energia será melhor aproveitada — ou poupada —, gerando mais conforto e refinamento para o movimento. Isso significa também diminuir as solicitações dirigidas ao sistema nervoso central, se pensarmos que uma mecânica bem ordenada funciona quase sozinha, após o impulso inicial ter sido dado e certas autonomias terem se estabelecido. Ou seja, flexores e extensores se coordenam concomitantemente, e de repente é todo o corpo que se organiza num "volume em tensão". Um gesto em tensão e torção adequadas transfere essas qualidades, a partir do segmento envolvido nesse gesto, para todo o corpo.

Por exemplo, o movimento da mão que respeita sua organização própria: cada pequena esfera dos metacarpos girando em elipse e formando a abóbada palmar — que por sua vez submetese à elipse maior formada pelas trajetórias opostas de braço e antebraço. Essa organização dá ao membro superior uma autonomia, evitando sobrecarregar outros segmentos do corpo.

Ivaldo Bertazzo, 'O Cidadão Corpo', páginas 33 e 34

20111202

4 Temas de Bertazzo - III



Estruturação Corporal e Descoberta da Identidade

Ninguém existe sem antes perceber o próprio corpo. Se nosso corpo constitui-se de vários "pedaços", o movimento é o fator que nos possibilita juntar essas peças e criar unidade. O movimento nada mais é que uma tensão conduzida de um músculo a outro, organizando alavancas ósseas e permitindo a sensação de um braço inteiro, de uma perna inteira e, finalmente, de um corpo inteiro. É essa síntese motora que nos fornece a confortável sensação de unidade, de identidade.

Se nossas unidades estruturais não concorrem para a consciência de uma identidade, o psiquismo será novamente sobrecarregado nesse esforço da personalização.

Tão importantes são essas sínteses corporais — ou "sensações de globalidade", como escreve Mme. Béziers — que a sua ausência em nosso cotidiano determina bloqueios, espasmos, pinçamentos nervosos, o deslocamento de uma vértebra, um torcicolo etc. Di¬ante desses sintomas muitas terapias concluem que é necessário "soltar" ou "liberar" algo na estrutura corporal. Redondamente errado. Ao contrário, tais bloqueios ou espasmos ocorrem justamente por causa de um desmanche, pela falta de uma síntese corporal — ou seja, porque o corpo perdeu o sentido de suas unidades em tensão adequada, sua forma própria de funcionar.

O movimento é, pois, fator coordenador de nossa estrutura, dando-lhe coesão, densidade, tônus — unidade, enfim. Essa é a maneira que o corpo possui para nos certificar de sua presença. Frequentemente a dor nada mais é que um espasmo de defesa, apelo de reorganização, chamamento à consciência do corpo. O melhor caminho para a disfunção e a dor é trabalhar no sentido de um tensionamento harmonioso de nossas unidades corporais.

Ivaldo Bertazzo, 'O Cidadão Corpo', página 34


20111201

4 Temas de Bertazzo - II


O Conceito de "Liberação Corporal"

Sem dúvida a interpretação de um espasmo doloroso ou bloqueio como defesa face à desorganização diverge frontalmente do que afirmam as escolas e terapias corporais que se tornaram conhecidas a partir dos anos 60, cuja palavra de ordem era justamente liberação: "relaxar os músculos", "desbloquear as vértebras", "liberar as tensões", "soltar as emoções" etc., o que resultava efetivamente em diluição.

Essas escolas nos pediam, em síntese, que dissolvêssemos nossas tensões, propósito muito compreensível. Porém, no processo de dissolver nossas tensões, há o risco de desfazer nossas estruturas e de perdermos a possibilidade de coesão.

As instruções para "liberar" e "soltar" talvez, coubessem, com mais propriedade, ao âmbito do tratamento psicológico. Mas houve uma generalização perigosa, e também as terapias e métodos corporais passaram a enfatizar o "liberar", "desmanchar" e "relaxar" no plano corporal. Abandonou-se quase por completo a ideia de criar estruturas, definir funções, e assim nos distanciamos mais ainda da autonomia e da definição da identidade de nosso aparelho locomotor.

O corpo é uma estrutura material que possui suas sínteses, e estas não se presentificam em leveza ou incorporeidade. Se não aceitarmos tal fato, retardamos a compreensão do que significa ter conforto dentro da matéria, ou do que seja possuir uma boa organização em nosso interior. No fundo, o equívoco não foi estimular a soltura do que 'estava preso", mas negar ao que "estava preso" a possibilidade de integrar-se na estrutura do movimento.

Grosso modo, um bloqueio nada mais é que uma "tensão parada". É preciso fazer com que essa tensão se distribua dentro de uma unidade. Se existe uma artrose localizada no joelho, que traz limitações e dor na sustentação do peso do tronco, essa tensão nada mais é que o estrangulamento de um movimento que deveria estar distribuído por todo o membro inferior. Se há espasmo muscular em torno de uma vértebra, ocasionando sua torção, mais do que "desbloquear" essa vértebra, será preciso criar a consciência da organização cilíndrica dada ao tronco pelas costelas, que possuem, entre outras, a função de nos verticalizar.

Essa ideia de "desfazer" nossas estruturas corporais pode estar ligada a um equívoco conceitual que considera imperfeição tudo o que é material e pesado, contrapondo como ideal e desejável aquilo que é "leve", "espiritual". Buscando essa "leveza" ou "soltura", atrasamos bastante a percepção do conforto possível no âmbito da matéria.

Pessoalmente, acredito que possuímos hoje condições para superar essa concepção maniqueísta. Especialmente porque a ciência — tanto a desenvolvida no Ocidente quanto a recuperada do Oriente — tem mostrado que o sagrado, o espiritual, está invariavelmente amalgamado à matéria. Prova-se hoje que a matéria é uma forma de energia que tem a propriedade de se condensar e desfazer-se continuamente. Aos poucos percebemos que os conceitos de matéria e espírito não são conflitantes.

Na área científica, especialmente na Física, comprova-se que o universo é "neutro", que sua total carga positiva é compensada por sua total carga negativa. Acredito que, em sua estrutura de movimento, o corpo deve ser compreendido da mesma maneira. Em meu entendimento, contrapor corpo e espírito de forma radical foi o grande equívoco de nossa cultura. Se o espírito se contrapõe a alguma outra porção da composição humana, esta é a do psiquismo, e não a do aparelho corporal.

Ivaldo Bertazzo, 'O Cidadão Corpo', página 35