20110323

Pescaria - Imobilidade?

Por que somente o Hatha Yoga valoriza a imobilidade e em outras modalidades de exercícios físicos não?

Porque um dos segredos da assertividade,profundidade e amplitude da prática correta do Hatha Yoga é promover e cultivar a imobilidade ou a permanência.

O āsana tem 3 fases, se observamos a qualidade do movimento:


  • a entrada, dinâmica, onde estabelecemos o eixo do movimento, a orientação óssea e articular e acionamos os músculos que devem atuar em contração; 


  • a permanência, estática,onde mantemos as ações que estabelecemos na entrada como pano de fundo onde vamos desapertando, estendendo e alongando os outros músculos;


  • a saída, dinâmica, onde retornamos à posição inicial, ao 'zero'.



  • Entenda a importância da imobilidade para a saúde integral dos músculos.

    Entenda a importância da imobilidade para a saúde integral dós órgãos internos (vísceras),circulação sanguínea e linfática e respiração:

    Entenda a importância da imobilidade no yoga
    por por Nicole Witek, relendo o que André Van Lysebeth publicou na revista Yoga nº 107.

    'Imobilidade no yoga - Na imobilidade é que você poderá perceber o seu corpo, onde está necessitando se alongar, etc. Na sequência rápida por exemplo, não dá tempo de o corpo receber a mensagem do cérebro de que o músculo precisa se alongar. A tendência do músculo é contrair para aguentar impacto e força, quando há a permanência na imobilidade, o corpo percebe quais locais estão precisando de alongamento, de 'ajustes' e deixa que o músculo se alongue, pois já 'percebeu' que não vai sofrer impacto naquela área, percebe que o comando é para alongar"

    O yoga é uma tradição milenar, um corpo de ensinamento elaborado e completo, onde não se pode mudar nada, a não ser a abordagem, para que seja mais compreensível para época, lugar ou cultura onde é praticado. Acho importante rever os princípios básicos do yoga, existem tantos desvios, tantas alterações no que se pratica hoje, que vou apontar de novo seus preceitos básicos.

    A primeira característica das posturas, (chamadas de asanas) é o alongamento dos músculos depois de terem sido relaxados. Para que esse alongamento seja feito nos limites de segurança, devemos ficar relaxados, executar movimentos lentos e buscar a passividade completa, mas com atenção, interiorização sobre a zona de estiramento.

    Movimentos no yoga e vísceras

    O aluno, principiante ou avançado, terão de buscar a imobilidade total e rigorosa.

    A princípio cada postura mexe com a coluna vertebral: torção, flexão, extensão, lateralização, desencadeando efeitos profundos na medula espinhal que circula dentro da coluna vertebral e sobre as correntes nervosas que estão ao longo da coluna. Cada flexão atua poderosamente sobre a medula, sobre as raízes nervosas que saem da coluna pelos orifícios de conjugação das vértebras e sobre a corrente de gânglios do sistema simpático.

    Porém, a natureza nos equipou de um sistema de segurança para que cada movimento não desencadeie IMEDIATAMENTE efeitos sobre as vísceras. O que seria de nós se cada movimento provocasse um efeito sobre o fígado ou o intestino? Os movimentos corriqueiros não têm efeitos sobre as vísceras, porque essas mesmas vísceras têm reações demoradas.

    Se nós imobilizamos o corpo numa determinada posição que atua sobre a raiz nervosa e que é ligada a um órgão definido, depois de algum tempo – geralmente alguns segundos – uma reação acontece no órgão. Quanto mais longa a permanência, mais efeitos sobre o órgão solicitado. Lembre que o yoga coloca o corpo em situações “não usuais” e não em situação “antifisiológica”. Raramente existe uma contraindicação, os efeitos são sempre benéficos. A imobilidade é a única condição para atuar profundamente nas vísceras. Sem imobilidade não existe esta ação. Quer você seja principiante ou avançado, vale a mesma regra.

    Uma torção, por exemplo, não terá os mesmos efeitos se a imobilidade for curta (terminar logo, entrar na postura e sair sem ficar na imobilidade pelo menos entre 6 e 10 respirações, quanto mais, melhor) ou dinâmica (sequências rápidas, como se estivesse fazendo exercícios, abdominais por exemplo), ou prolongada (permanecer na postura enquanto respira e enquanto o corpo se “adequa, se ajeita”, se alonga).

    Modificação das circulações

    A imobilidade prolongada numa posição determinada vai modificar profundamente a circulação sanguínea. O exemplo mais evidente é a postura sobre a cabeça. Nesta postura, por gravidade, o sangue vai irrigar melhor o cérebro durante alguns minutos, usando sistematicamente a força da gravidade


    Isso faz parte do yoga. Olhando a postura sobre a cabeça, parece evidente esse resultado, mas as posturas gerais do yoga foram elaboradas levando em conta e usando a força da gravidade. Cada asana condiciona a circulação sanguínea, a permanência na imobilidade permitirá usar da melhor forma esse recurso.

    O sangue tem tendência a se acumular para as partes baixas do corpo - pergunte para quem fica em pé o dia todo.

    Cada posição do corpo, cada asana, re-aloca a massa sanguínea para uma determinada parte do corpo. Essa postura do diamante “vajrasana”, banha os órgãos digestivos de sangue renovado pela oxigenação da respiração lenta e tranquila, e massageia esses órgãos pela ação do diafragma. Uma permanência prolongada irá amplificar os efeitos benéficos.



    Um outro sistema circulatório que se beneficiará dessa imobilidade prolongada será o sistema linfático, responsável pela nossa resistência imunológica. Os numerosos nódulos do sistema linfático são cheios de células defensoras de nossa saúde.

    Quando há uma infecção, esses nódulos incham e dentro do nódulo ou do gânglio ocorre uma luta química contra os invasores.

    A circulação linfática é muito mais lenta que a sanguínea, porém, o sistema é comparável ao *sistema de retorno venoso e depende de 3 fatores:

    - Linfa - A diferença de pressão: a rede pode ser comparada às águas da chuva. As gotas descem e vão formando os riozinhos, que formam os rios e correm para as partes mais baixas.

    - Linfa - Da zona de pressão maior até zona de pressão menor: a linfa é coletada na região do pescoço, onde existem canais coletores maiores. Só por gravidade podemos influenciar no conteúdo destes coletores.

    - Líquido cefalorraquidiano: o liquido cefalorraquidiano que banha o cérebro pode ser comparado a linfa, mesmo que ele tenha um ritmo mais lento, será beneficiado pelo mesmos princípios de funcionamento do asana.

    Contrações musculares

    As contrações musculares contraem as veias e impulsionam o sangue em direção ao coração e as válvulas impedem o refluxo do líquido para baixo. As contrações musculares também, ajudam na coleta da linfa pela rede. Quando essas circulações são lentas, as células são carregadas de toxinas, perdendo sua vitalidade: é imprescindível livrar o corpo dos “lixos” tóxicos.


    Infelizmente uma vida sedentária não propicia a circulação dos líquidos do corpo, ao contrário: existe estagnação mortal.

    Respiração

    A cada inspiração forma uma depressão no tórax, que é criada pela sucção sobre a totalidade da rede linfática e venosa. A respiração yogica, completa, lenta e profunda é o ator principal dessas circulações.

    Durante a postura, o corpo se adapta e, gradativamente, a respiração fica mais ampla e mais confortável: o centro de gravidade da respiração só desloca durante IMOBILIDADE rigorosa.

    Ativador especial e específico ao yoga: a força da gravidade

    O que ativará todas essas funções durante o asana será a força da gravidade. A aceleração das circulações é uma garantia de um bom abastecimento de cada célula. A saúde de cada célula se reflete sobre a saúde geral.


    Mesmo quando a postura parece simples, como a vajrasana (do diamante, acima), os efeitos são profundos, desde que tenha permanência na imobilidade. Mesmo que o adepto não sinta nada, a não ser uma sensação de calor em certas partes do corpo, ou certa pressão, coisas profundas acontecem em cada órgão.

    Imobilidade prolongada

    O tempo de duração da imobilidade determina o grau de intensidade de uma postura. Mesmo que o praticante seja flexível, ele se depara com as mesmas preocupações e colhe os mesmos benefícios.

    Existem, a grosso modo, quatro graus de intensidade, determinados a partir tempo de permanência:

    Grau inferior: imobilidade de um a dois minutos. Menos tempo que isso não se trata de asana, mas de ginástica ou movimento cotidiano. É a permanência média em uma postura que o ocidental costuma ficar.

    Grau médio: de dois a cinco minutos. Aumentando a permanência, um pouco a cada semana, o praticante verá seus limites expandidos. Parece-me importante apontar que passando do segundo minuto, o corpo encontra seu jeito de respirar e mais conforto. O que fica impaciente realmente não é o corpo, é a mente. A imobilidade rigorosa é uma benção para o corpo e um desafio para a mente. Seria bom praticar a cada dia, uma ou duas posturas, com duração maior.

    Grau superior: de cinco até 15 minutos. Aos poucos o adepto prolonga a duração. É geralmente o máximo que um aluno ocidental pode aguentar, sem a assistência séria e direta de um “guru” ou professor qualificado.

    Grau máximo: trabalhando à vontade.... Até três horas! Além de 15 a 20 min de permanência, a vontade está testada. Seria interessante saber quais são os efeitos profundos dessa permanência. Ela é citada nos tratados clássicos, mas isso quase nunca acontece.

    A imobilidade prolongada é um fator essencial e rigoroso do sucesso do asana. O adepto deve se sentir como “uma estátua que respira”. É sob essa condição que o asana desvendará sua mágica.

    Por que a imobilidade é tão importante?

    Na imobilidade é que você poderá perceber o seu corpo, onde está necessitando se alongar, etc. Na sequência rápida por exemplo, não dá tempo de o corpo receber a mensagem do cérebro de que o músculo precisa se alongar. A tendência do músculo é contrair para aguentar impacto e força, quando há a permanência na imobilidade, o corpo percebe quais locais estão precisando de alongamento, de 'ajustes' e deixa que o músculo se alongue, pois já 'percebeu' que não vai sofrer impacto naquela área, percebe que o comando é para alongar.

    É o tempo que a mente precisa para receber as informações, as percepções e enviar os comandos para que o corpo obedeça o que a postura está pedindo.

    Como você viu, quer seja um adepto avançado ou um principiante... Não faz diferença. Você pode começar hoje que seus órgãos e seu sistema imunológico já agradecem!

    *Sistema de retorno venoso: Na grande circulação sanguínea, o sangue rico em oxigênio é bombeado do ventrículo esquerdo do coração, onde segue para todo o organismo e “ retorna pelo sistema venoso” até as veias cava superior e inferior, chegando ao átrio direito do coração com o sangue pobre em oxigênio.

    Yoga para Atletas


    O atletismo e os outros esportes exigem uma disciplina física vigorosa para que se desenvolvam velocidade, força, resistência, precisão e agilidade. Enquanto a parte muscular do corpo se desenvolve, muitas vezes os órgãos internos permanecem fraços ou reprimidos e a mente pode até se entorpecer. Os atletas não são capazes de manter a supremacia em seu campo de ação por muito tempo: embora o consumo de energia seja máximo, os poderes de recuperação são pouco desenvolvidos. Nisso a ioga pode auxiliar os atletas. . .

    O conhecimento e o domínio do iogue sobre o corpo são muito mais detalhados que os do atleta. Ele reconhece cinco camadas do corpo humano: o corpo anatômico, que consiste de ossos e músculos; a camada fisiológica, feita dos sistemas respiratório, nervoso, circulatório e digestivo; a camada psicológica ou emocional; a camada mental ou camada interna intelectual e, por fim, o estado glorioso do ser.

    O repertório usual de atividades para um atleta inclui exercícios de contração e dilatação dos músculos. Levantamento de peso, corrida, natação e competições de diferentes gêneros desenvolvem a estrutura anatômica do corpo, mas no nível orgânico ou fisiológico a atenção é nula.

    Em geral apresentamos uma enorme massa pesada apoiada sobre órgãos internos pequenos e pouco desenvolvidos, A ioga não se satisfaz com o desenvolvimento externo dos músculos. Ela acredita na comunicação adequada dos órgãos internos e da estrutura anatômica do corpo. Liberdade e força são fornecidas para baço, pâncreas, fígado, coração, rim e todos os outros órgãos através dos mesmos processos de contração e dilatação normalmente usados para o desenvolvimento dos músculos.

    Da mesma forma, o posicionamento antigravitacional dos órgãos internos nos ãsana invertidos, como os apoios sobre a cabeça ou sobre os ombros, revitaliza os órgãos, enquanto a circulação sanguínea se aprimora devido à mudança na atração gravitacional,

    Por fim, a atenção dada à ausência de tensão nos órgãos e a resposta destes à ação dos músculos faz esses órgãos passarem com rapidez para um estado de relaxamento e, portanto, podem ser recarregados sem demora com a energia gerada pela prática dos ãsana. Do mesmo modo, é fornecida elasticidade aos músculos intercostais, às articulações das costelas e à coluna, bem como aos pulmões, e aumenta-se a capacidade respiratória pelas técnicas conhecidas como prãnãyãma.

    B. K. S. Yiengar, em "Yoga for Athletes", Poone Herald Diwali Special Supplement, 21 out. 1968.

    Pescaria - Quando o Āsana acontece


    por Nicole Witek, relendo o que André Van Lysebeth publicou na revista Revue Yoga(1972)

    "Não se 'faz' um āsana. Ele acontece! Quando o praticante está na imobilidade, que é a fase essencial, deve-se abandonar a ideia de fazer qualquer coisa. É só se colocar física e mentalmente na disposição (ou seja, ficar natural), para que o āsana aconteça. Os grupos musculares atingidos pelo āsana têm que estar tão passivos quanto possível"

    Fazendo uma comparação com os verdadeiros yogis, não só da antiguidade, mas de nossos tempos, podemos nos chamar de “principiantes”.

    Para citar o André: “somos todos principiantes”. Qualquer que seja a escola de yoga onde se pratica, nosso yoga é um yoga muito básico. Ficamos modestos quando nos comparamos com os nossos antepassados da Índia. Mesmo que consigamos posturas mais avançadas, ainda estamos longe do desempenho deles, portanto, seremos sempre principiantes, tanto em relação a eles como a nós mesmos.

    Um “principiante” e um “avançado” são iguais na frente da situação de praticar. A cada etapa de sua evolução, o praticante volta aos princípios essenciais, que são esses que se ensina desde o início da prática.

    Revise as noções básicas e questione sua prática

    Mesmo que o yoga não se limite às posturas – āsanas – eles compõem o alicerce dessa ciência, tanto do ponto de vista físico como mental, quando se fala da meditação. As posturas são tanto portões de entrada para o universo físico, quanto uma via de acesso às dimensões psicofisiológicas do yoga. Executar corretamente o āsana é a condição básica para o yoga.

    Condições essenciais para o asana existir

    - Imobilidade

    - Permanência

    - Sem esforço

    - Controlando a respiração

    - Controlando a mente

    Quando essas condições são reunidas, estamos realizando o asana.

    Durante o āsana, os músculos são propositalmente colocados em situação anormal e excepcional em relação aos movimentos que o corpo realiza durante as diferentes ações do dia. Situação excepcional não quer dizer situação “antifisiológica”, pelo contrário.

    Devemos ter consciência do estado dentro do qual se encontram os músculos quando estamos numa postura. Essa postura é fundamentalmente diferente de todas as situações do dia, quer seja nos atos corriqueiros, quer seja na prática de esportes.

    Pergunta básica: Qual é a propriedade essencial do tecido muscular?

    A possibilidade de se contrair. Quando o músculo contrai, ele possibilita “mexer” o esqueleto. O movimento é a consequência da contração de um ou de vários músculos.

    Porém no yoga, e no yoga unicamente, os músculos são sistematicamente estirados. Esse estiramento é a característica essencial do yoga.

    Nunca por si só o músculo tem a possibilidade de voltar a um comprimento “normal”. Todas as ações do dia levam o músculo ao encurtamento. Se você achar que durante o sono o músculo pode “encompridar”, você está errado. De tanto contraído e tencionado que foi o músculo durante o dia, se ele conseguir relaxar será insignificante, perto do que se consegue com yoga.

    Limite de elasticidade normal do músculo

    O músculo pode contrair, mas também tem a elasticidade. É essa elasticidade que determina o grau de flexibilidade ou rigidez de cada um.

    Os asanas querem levar o praticante além do limite de elasticidade. O músculo aceita transgredir suas normas de funcionamento habitual, mas com certas regras que vou lembrar.

    Quando permitimos que o músculo relaxe. Geralmente quando chegando perto do seu limite, o músculo tem a tendência de se proteger, se defender, contrair. Essa reação natural de defesa pode ser suprimida se nós “intencionalmente” pedimos o relaxamento.

    Quando os músculos começam a repuxar, precisamos intencionalmente relaxar, e não deixar que eles se defendam. Quando a resistência ao alongamento é percebida, podemos ir somente até uma sensação boa de estiramento, jamais forçar a musculatura até sentir dor.

    Nesse momento devemos interiorizar nossa atenção nos músculos que ainda não aceitam o alongamento e “intencionalmente” pedir e "convencê-los" a relaxar.
    A expiração é aliada desse processo de relaxamento: a cada expiração, podemos alongar um pouquinho mais.

    Quando damos tempo suficiente para o músculo relaxar. É imprescindível “não correr”. Uma vez que chegamos ao limite de elasticidade normal, o músculo aceita ser alongado um pouco mais, desde que o deixemos o tempo suficiente, ou seja, várias dezenas de segundos. Basta esperar para sentir, gradativamente, os músculos se alongando.

    Não fazer nenhum movimento brusco enquanto o músculo está se alongando. Já que o músculo está no seu limite de elasticidade comum, não se pode exigir com força mais comprimento, como por exemplo, a mão do professor pressionando. O músculo perdeu a margem de segurança e fica vulnerável. Ir além dos limites de elasticidade do músculo, com trações ou deixando a força da gravidade atuar pode ser feito suavemente e simultaneamente às expirações. Assim não se corre nenhum risco. Enquanto uma ajuda externa pode prejudicar o músculo, a consciência e o alongamento suave são necessários para ultrapassar os limites comuns de estiramento.

    Vale lembrar que o tremor no músculo indica que ele não está relaxado. Uma interiorização no grupo de músculos submetidos ao alongamento é necessária. Essa é a razão da imobilidade. Imobilidade prolongada para obter os efeitos das posturas.

    Por que precisamos do alongamento?

    Os músculos estão sempre encurtados. Quando se trata de um sedentário, que não pratica nenhuma atividade física já sabemos que a tendência de um músculo desativado é de encolher. Já nos caso dos esportistas é o contrário, o músculo fica duro e permanentemente contraído.

    Como saber se um músculo tem seu comprimento normal?

    Simples! Quando a articulação não pode realizar a amplitude do movimento que deveria: o yoga busca a liberação de todas as articulações.

    Existem receptores nervosos sobre os músculos que são sensíveis à tensão muscular. Por ação reflexa, automática, uma série de reações acontece no organismo via os receptores nervosos. O alongamento com permanência na imobilidade recondiciona e posterga esses mesmos limites e permite que a articulação volte à sua mobilidade natural. Um músculo alongado se esvazia do sangue. Quando volta à posição normal, ele enche de sangue novo oxigenado, fazendo uma grande limpeza.

    O que é a fase dinâmica do yoga?

    Além da imobilidade e permanência, existe a fase dinâmica, onde o professor pode pedir para o aluno repetir a mesma postura, por exemplo três vezes seguidas, sem parar e só pedir para ficar na imobilidade na quarta vez. Esta é a fase dinâmica.

    Ela é necessaária como uma preparação para a fase estática. Às vezes essa fase é necessária para deixar a pessoa consciente do grupo muscular que será alongado. Esses mesmos músculos estarão descontraídos na hora que for necessário o alongamento máximo.

    Não se “faz” um āsana. Ele acontece!

    Quando o praticante está na imobilidade, que é a fase essencial, deve-se abandonar a ideia de fazer qualquer coisa. É só se colocar física e mentalmente na *disposição para que o āsana aconteça. Os grupos musculares atingidos pelo āsana têm que estar tão passivos quanto possível. Os músculos que precisam estar contraídos para a postura, e somente esses, devem estar ativos, os outros músculos estarão obrigatoriamente relaxados. O praticante percebe a noção de “músculo contraído” e “músculo descontraído”. Esse caminho dos opostos também é uma das vias do yoga.

    Você que quer começar a pratica do yoga já entendeu, não existe diferença nenhum entre mim, que comecei há mais de 30 anos, e você. Somos sempre principiantes.

    *Deixar acontecer, não forçar o corpo. Ao permanecer na postura, o corpo vai se acertando sozinho na postura. Acontece, sem você precisar fazer, é só deixar acontecer.

    20110321

    Yoga durante a gestação



    Durante a gravidez, as mulheres normalmente sentem medo ou nervosismo de praticar ioga. Nem conseguem se imaginar de ponta-cabeça nesse período. Garanto que esses āsana são uma benção para elas. A prática diária de āsana e prānāyāma, algo essencial na gravidez, precisa ser regular. Assim, as mães mantêm a saúde física e mental, além de propiciarem sanskāra benéfico e auspicioso para o bebê durante a gestação [...] A prática de ioga durante a gravidez estabelece contato com o bebê dentro do corpo e inunda-o de pensamentos bons e auspiciosos transmitidos pela mente tranquila e limpa da mãe, que por sua vez mantém o corpo saudável, com nervos relaxados. Seus sistemas digestivo, circulatório e excretor obtêm bom funcionamento, e o sistema hormonal passa por uma mudança profunda. Além desses benefícios, a prática afasta doenças e infecções e ajuda a manter a saúde, conservando o sistema imune em perfeito estado. Prepara ainda a mente da mãe para um parto tranquilo, sem estresse, tensão, agitação, medo ou ansiedade.



    B. K. S. Iyengar em "Yoga, a Savíour in Women's Life", AstadalaYogamālā, v. 8, pag. 354-382.

    

    A tal da Felicidade, vivendo muito e bem

    A felicidade está dentro do coco que se leva mais de 40 anos para encontrar?

    As idéias o longo da história e da distribuição geográfica que fomentam  a fórmula da felicidade.
    Olha o coco aí, gentem!
    A semente do bem viver: ultrapassar os 40 anos vivendo bem é função da liberdade* e desfunção da libertinagem**. (Inclui a desarticulação de alguns paradigmas alimentares divulgados pela mídia em forma de nutrientretenimento.)


    "Felicidade é saciedade e ponto.
    É uma saciedade nos quesitos ter e ser.
    Não existe um prato feito.
    Não existe.
    Cada um vai fazer este ‘combo’ nos quesitos ser e ter
    e tentar conseguir esta saciedade apesar de o ser humano
    e a condição humana serem completamente insaciável."
    Marleine Cohen


    Liberdade*: o conjunto de atitudes que oferecem a oportunidade de avançar em direção à melhor pessoa que cada um pode ser.
    Libertinagem**: seguir o impulso ou o desejo, sem planejamento ou avaliação das consequencias, efeitos e consequencias.

    20110320

    Clichés


    'TODA ATIVIDADE É UM EXERCÍCIO

    Qualquer atividade é um exercício muscular em sua substância, mesmo que a "atividade" seja estar deitado ou sentado o dia inteiro. "Atividade muscular" não é somente tônus e tensão, é também relaxamento e hipotonia.

    Se filmássemos um indivíduo continuamente durante um mês, poderíamos fazer depois uma estatística de suas atitudes e atividades típicas. A estatística ainda não foi feita, mas tenho para mim que nos surpreenderíamos com o quanto é reduzido o número dessas posições e movimentos, e quanto é invariável sua sequência. Qualquer adaptação nova compromete estas formas e sequências. É preciso que a pessoa re-molde seus "clichés". A descrição motora da personalidade e da neurose vai aqui.

    Está implícito que a cada forma de estar e agir correspondem motivos, significados e valores. Em nosso estudo, transitamos fácil e frequentemente da conduta para a mente e vice-versa.'

    José Angelo Gaiarsa, em 'A Estátua e a Bailarina', pag. 209.

    COMO CONHECER DEUS

    Deepak Chopra - Como Conhecer Deus
     

    Parte sem o som original.












    20110319


    A diferença entre um profissional de saúde e um de 'doença' é a ausência do olhar cartesiano e a presença ao observar. Um profissional de saúde ainda deve ter capacidade e capacitação (estudar sempre!).

    Tá na cara!

    Fonte da Juventude - Lucas Cranach

    Cada pessoa estabelece um conjunto próprio de regras para viver que costumamos denominar 'estilo de vida' (dormir-acordar-comer-beber-movimentar-amar-sentir-pensar).
    Em geral, estas regras visam manter a pessoa com boa saúde integral (mente-emoção-corpo), com disposição, bom humor e jovialidade: nossa fonte da juventude.

    A minha fonte da juventude é praticar Hatha Yoga com atenção+ intensidade plena.

    Uma pedida que pode ser interessante para avaliar o quanto a teoria de cada um está casada com a prática,
    ou como cada um se molda de acordo com como cada um vive, ou o quanto seu estilo de vida ideal se aproxima do seu estilo de vida habitual ou real pode ser este teste.

    OBS.: Esta postagem, este blog não é patrocinado.

    20110318

    Automatismos

    Hatha Yoga é uma prática física e é uma prática psíquica.

    É uma 'coisa quântica', semelhante à maneira como a matéria é tratada nessa modalidade da Física: onda e partícula.

    A maior diferença entre a prática de Hatha Yoga e todas as demais práticas físicas é que nenhuma delas provoca a alteração dos automatismos.

    A maior diferença entre o Hatha Yoga e as práticas psíquicas é que se torna desnecessário o entendimento objetivo ou racional (e cartesiano) do fato/momento/situação/processo que levou o indivíduo a construir um automatismo para desmontá-lo e re-estruturar-se.

    A prática regular do Hatha Yoga cura (a fisiologia d)o corpo, e o corpo muda (a psicologia d)a mente.


    Mas, o que é, como se forma um automatismo?

    Basicamente, um automatismo decorre da sensação de recompensa que uma atitude neurótica adquire fora de seu contexto original. Automatismos se escondem nos nossos hábitos (que temos coragem, ou não, de chamar de vícios).

    Um automatismo se forma quando uma atitude neurótica 'serve' para obter algum tipo de recompensa ou satisfação em uma situação  independente (que vamos chamar de 'situação 2') daquele acontecimento em que a atitude corporal se originou e, por consequencia, passa a ser utilizada como forma de obter recompensa ou satisfação em acontecimentos semelhantes à situação '2'. E isso tudo acontece sem que o indivíduo tenha consciência, pois geralmente os seres humanos não sabem dizer como se movimentam, nem o que se passa com sua musculatura, suas articulações em cada atitude que assumem, mas sabem se 'lembrar' e se colocar fisicamente parecidos em  posturas/posições/atitudes que lhes causam 'satisfação' ou que estimulem o mecanismo de recompensa.

    Quer mais?
    Leia o texto abaixo, do Gaiarsa:


    Estávamos procurando mostrar que as atitudes nunca são reprimidas, e que este processo psicofisiológico alcança apenas as ações ou as palavras. Esta afirmação é simplificada. Ao se reprimir uma ação, modifica-se a atitude inicial. Se exigirmos de uma criança que pare de chorar, ela consegue nos obedecer enrijecendo estes ou aqueles grupos musculares. Cessa o choro, mas a atitude repressora também é significativa ou expressiva.

    A inibição de uma ação compõe uma atitude apta a servir de base a uma nova ação também adequada — mas a uma outra situação. Por exemplo, a mesma criança que proibimos de chorar. Temendo mal maior, a criança consegue não chorar à custa daquela sabedoria muscular da qual já tanto falamos; seus olhos se apertam, sua garganta se aperta, seus ombros se apertam. Ao cabo do processo, ela está com a atitude do ressentido, dura de corpo e de espírito. Pouco depois, ela sai à rua e reúne-se a seu bando. Ninguém sabe por quê, neste dia ela se faz líder do grupo e vencedora em uma batalha simulada. A atitude dura, gerada pela inibição do choro, adquiriu função em situação diferente da original. A isso o psicanalista chama "vantagem secundária da neurose". Notemos que a vantagem é secundária em relação ao tempo, mas não quanto à importância. A liderança pode se fazer e ser uma grande satisfação. Mas aparece claro no exemplo o quanto esta liderança não era o que a criança pretendia originalmente. Além do mais, a atitude de líder, formada em certa medida acidental¬mente, pôs a criança em outro mundo - longe do lugar, do tempo e da pessoa que a repreendeu. Saindo à rua quase em transe sonambúlico, a criança foi levada — provavelmente pela atitude "sem objeto" que a animava - para o grupo, em busca de um apoio ou de um consolo — quem sabe. Uma vez no grupo, a tenacidade ou a força da contenção que nela se exercia, começou a atuar fora dela e a organizar o grupo. Creio que a criança só "acordou" — em nosso exemplo — quando se sentiu senhora da atividade do conjunto. É muito pouco provável que a criança - ou mesmo um adulto em seu lugar - percebesse a relação entre o choro contido e a liderança subsequente. Tudo o que é importante nesta sequência de fatos está nos movimentos e nas atitudes. Deixe alguém de considerar o plano motor, e toda explicação subsequente da relação entre a mágoa contida e a liderança se torna um romance confuso ou uma teoria esotérica.

    José Angelo Gaiarsa, em 'A Estátua e a Bailarina', pag 144.

    20110305

    Fantasia X Realidade & Realidade de Peso




    Escute o que Ricardo Goldenberg, psicanalista e Márcia Tiburi, filósofa, dizem sobre percepção da realidade e fantasias.
    Antes, na primeira meia hora, Fabíola Cidral faz uma edição reflexiva sobre uma série de reportagens que abordou a influência do estilo de vida contemporâneo, sua relação com o crescimento da obesidade e consequentemente, de como escolher o estilo de vida (e a consciência alimentar, que faz parte dele) se torna importante para a saude integral (corpo-emoção-mente) e a obesidade. A série completa 'Obesidade: uma epidemia mundial' está disponível para ouvir aqui, quando preferir.


    Ah!
    O Hatha Yoga trata a cabeça e o corpo junto=ao mesmo tempo, e a ferramenta utilizada é o Auto-Conhecimento, é permanecer (no) presente.
    O Hatha Yoga proprõe desarmar os automatismos que nos impedem de lidar com a realidade crua (objetividade) e que nos compelem a reagir de acordo com percepção da realidade ao invés de parar, senti/avaliar e agir, sem que a imaginação criativa perca espaço.
    Por isso, praticando Hatha Yoga regularmente, as mudanças desejáveis tendem a acontecer como um raio.
    (Resistir é inútil.)

    20110303