20090610

Corpo Fechado



Nem sempre nos damos a chance do movimento seguro.
Seguro porque é solto, vívivo, encadeado, sentido, apropriado (repleto de propriocepção).

Eventualmente, adoecemos, convalescemos e o corpo fica sensibilizado na região molestada; ou nos machucamos por conta própria pela exploração mais ou menos consciente de nossos limites; ou alguém propõe algum movimento que nos esgarça, desarticula.

Me movo incessantemente desde 2002.
Antes disso, era criatura 'bentônica', sedentária.
Ao longo desses anos, em duas vezes apenas movimentos instigados por mentor, nem sempre bem aplicados, me fustigaram: uma vez esgarçou, na outra, desarticulou. Um outro evento que me fez fazer casulo por algum tempo foi uma intercorrência fisiológica.

Não há remédio para prevenir os imprevistos.
Não há remédio para prevenir os equívocos a não ser a escuta precisa do corpo (próprio ou alheio).
E, uma vez golpeado, ainda que por acaso, o corpo vai se fechar.
Vai se fechar para evitar novos ferimentos, vai se fechar para dar o tempo de curar e depois da cura, vai ainda permanecer algo enrolado sobre o local golpeado mesmo depois de curado, por precaução.

Que curar é metade da cura, a outra metade é dar de novo o tempo do corpo se abrir, como se espera que uma flor se abra.

A extensão do enrolamento-casulo em geral é bem maior do que a falta de observação e a lógica indicam: a articulação sacro-ilíaca pode reduzir a flexibilidade do ombro ao joelho e fazer a perna pesar; o calcanhar pode fazer o corpo enrolar do pé até a cintura; uma intercorrência uterina pode fechar a pelve , congelar o peito e realçar as curvas orgânicas das vértebras da coluna.

Respeite o tempo do seu corpo, em caso de machucadura.
Aceite o casulo, o guardar-se.
A postura, o asana depois se recupera.
Sempre de outra forma, com outra elegância; no meu vivenciar, com bem mais propriedade/propriocepção.

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