compilado e contado por Tales Nunes
Ganesha é a deidade mais reverenciada na Índia, ele é sempre o primeiro a ser reverenciado para qualquer coisa que a gente faça porque ele é o senhor dos obstáculos. Ele sempre está na porta de todos os templos e na porta das casas dos hindus como o protetor (ele é aquele que protegia Parvat… vigiando a porta).
Ele é considerado o primeiro filho de Shiva na forma do Todo, da realidade suprema. Ganesha é aquele que nasceu da realidade suprema.
Nomes de Ganesha:
Ganesha – senhor de todos os seres, senhor das multidões
Ganapati- senhor de todos os seres, senhor das multidões
Ekadanta- Aquele que tem uma presa só
Vighneshara- Senhor dos obstáculos.
Gajanana- cara de elefante
Iconografia
O primeiro passo no caminho do autoconhecimento é escutar o ensinamento, por isso ele tem essas 2 orelhas grandes, as quais demonstram que ele escutou muito. O segundo passo é refletir sobre esse ensinamento, por isso essa cabeça enorme. A tromba representa a discriminação porque consegue pegar os objetos pequenos e para pegar os objetos grandes.
As presas representam os pares de opostos, porque na vida o ser humano está sempre tendo que escolher. E o sábio é aquela pessoa que não é afetada pelos pares de opostos e por isso Ganesha tem uma presa quebrada.
Ganesha representa aquela força que remove os obstaculos. O machado corta e o laço amarra os obstaculos. Ganesha representa tambem Ishvara, sua barriga grande representa todo Universo.
A barriga de Ganesha simboliza que ele engoliu e digeriu todo o conhecimento e esse conhecimento se tornou parte dele, virou a barriga. Representa também que o sábio digere as situações de forma lenta e moderada.
Os quatro braços representam os instrumentos internos o ego, a memória, manas e budhi.
O machado representa vairagya, porque corta todos os apegos e desejos que nos tiram do nosso estado de paz. O machado corta também os obstáculos.
A corda representa bhakti, a devoção. Que eu possa então ter amarrado na minha vida a relação com Ishvara, que sou eu mesmo. Que eu esteja amarrado na minha verdadeira natureza. Representa também aquele que além de cortar, amarra os obstáculos.
O doce representa as alegrias que a gente adquire no caminho do autoconhecimento, e, como um doce, a gente come um e já quer outro. O caminho não é sofrido, como o carregar de uma cruz, o caminho para a liberdade é doce e apreciativo.
Ganesha tem um pé no chão e outro no ar. Simboliza que o sábio vive no mundo como qualquer outra pessoa normalmente. O pé no chão é a parte que esta lidando com o mundo e o pé que esta no ar simboliza a conexão com o Ser. O sábio é aquele que vive no mundo sem perder a visão do Todo. O termo memória de elefante é isso, ele jamais esquece da sua verdadeira natureza.
O rato simboliza os desejos, o rato é um animal voraz que come de tudo, sempre come demais e guarda tudo nos buracos, como a mente que sempre deseja algo e nunca se sacia. O ratinho sempre aparece aos pés de Ganesha e olhando pra ele segurando um doce como se pedisse uma autorização para levar entregá-lo o doce, isso quer dizer que os sábio tem os desejos ao seus pés e sob seu comando.
O sábio come os docinhos, mas existe um comando sobre os desejos. Dizem que os elefantes tem medo do rato, mas Ganesha o tem sob seu comando. Os desejos não são para ser temidos, é para ter governo, coordenação sob eles.
No dia do aniversário de Ganesha é proibido olhar para a lua. O simbolismo por trás disso é que um dia Ganesha estava cavalgando o seu ratinho por aí. E a lua viu e caiu na risada ao ver um garoto grande com cabeça de elefante carregado por um pequenino ratinho. Então os deuses castigaram a lua por isso dizendo que não se pode olhar para a lua no dia de Ganesha.
A lua preside a mente. Isso simboliza o ignorante sorrindo do sábio. O sábio tem uma sabedoria infinita em um corpo finito. E muitas pessoas não entendem as ações do sábio e as suas palavras. No dia do nascimento de Ganesha (hoje, Ganesha Chaturthi ) deve-se olhar para o Ser e tirar a atenção do ser. O aniversário de Ganesha simboliza o nascimento do sábio, aquele que reconheceu-se como o Ser.
Uma historinha de Ganesha
Ganesha foi para uma festa e comeu tudo, toda comida, a decoração, os presentes, comeu tudo e nada saciava a sua fome. Shiva, seu pai, chega com todo carinho e dá uma porção de arroz torrado pra ele e sacia a sua fome.
Isso simboliza que o sábio precisa queimar suas tendências e o arroz tostado é como as tendências queimadas, não germina mais. É preciso queimar essas tendências no fogo do conhecimento e ter o reconhecimento de que nada material vai saciar nossos desejos, pois eles são infinitos. Ganesha comeu tudo o que desejava e o desejo permanecia. Apenas quando ele, na presença de Shiva, o Todo, reconheceu a sua verdadeira natureza é que a busca exterior como meio de encontrar a felicidade se desfez. E quando isso acontece, os desejos são ferramentas de ação no mundo e não uma força que te leva a ação desenfreada-mente.
Texto baseado em aulas de Patrick van Lammeren e Marília, do Centro de Estudos Vidya Mandir
www.vidyamandir.org.br
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