20090210

Aritmética


'Shiva sem Shakti é um cadáver (shava).'

Este é um interessante trocadinho ‘aritmético’ que a grafia dos dois nomes Shava (cuja fonética aproximada em português é chava) e Shiva (cuja fonética aproximada em português é chiva) permite, expressando fielmente um conceito tântrico.

O sâncrito é escrito com caracteres em devanāgarī (cuja pronúncia aproximada em português é devanaagarii) que é um alfabeto alfa-silábico, ou seja, cada letra representa um fonema.

No devanagari, as letras são unidades fonéticas onde o a já está incluído, e como unidades fonéticas, são irredutíveis, diferente do alfabeto latino, onde as consoantes são 'surdas' (sem som) e precisam do acréscimo obrigatório de uma vogal para soar.
Para transformar o som do a no som das outras vogais, um elemento chamado diacrítico é acrescentado.

Para transformar o a em i, acrescentamos o sinal diacrítico:
Dessa maneira, se grafa:
Portanto, assim se escreve Shiva:E dessa maneira: Shava
Se o sinal i for omitido ao escrever-se o nome de Shiva em devanagari, a escrita equivale a Shava. Sem esse i simbólico, Shiva é apenas um cadáver — Shava.
Shiva sem Shakti é Shava.
Sem a energia do poder da manifestação conhecida como Shakti que tudo ativa e vitaliza, do impulso criativo e procriador, o Absoluto em essência, Aquele que está em Si e Existe por Si Mesmo, perfeito, imutável, se torna sem vida, inerte.


Obs.:
Devanāgarī = deva (divindade) + nagari (cidade)="a (escrita) da cidade dos deuses".

Reza a lenda que esse alfabeto foi um presente dos deuses para a humanidade. Como os sons do sânscrito.

E que os deuses são seres conscientes como nós, seres humanos, que viveram uma vida humana virtuosa o suficiente para reencarnarem numa existência divina, porém, insuficiente para escapar da roda das reencarnações.

E que nada é mais divino que uma existência humana, através da qual podemos alcançar a liberdade absoluta = moksha

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