Desdói é um jeito meu de descrever o desconforto dum corpo ou de parte dele que está em processo vívido de reestruturação, uma sensação que pode acontecer no período de adaptação ao corpo amplo, quando o corpo antigo não serve mais e o corpo novo, com seus espaços, vazios e possibilidades, ainda é algo desconhecido, estranho, exquisito ( do espanhol= adj. 1 excelente. 2 delicado, refinado, delicioso. 3 agradável. 4 elegante).
Quando nos esquecemos (ou nos machucamos, nos acidentamos, adoecemos) do corpo ou de parte dele, essa parte começa a doer e a morrer. Como vivemos em um mundo de muitas urgências, onde com facilidade nos colocamos lá no fim da fila de quem e do que precisa ser cuidado, a voz dor do corpo é encoberta pelos ruídos deste exigente mundo ao nosso redor. Vamos tensionando, apertando, congelando o gesto, empedrando.
Desdoer é a sensação que temos de algo (muscular ou articular) que esteve aferrolhado e que agora desfaz as amarras fio a fio, com um trabalho dirigido, consciente, com a atenção respirada e cuidado amoroso.
Desdoer é deixar de estar morto, é ressuscitar.
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